sexta-feira, 16 de maio de 2014

Pra não dizer que não falei de espinhos

Desde sempre votei no PT, apesar de na última eleição ter votado não na Dilma, mas contra o PSDB. Dilma muito provavelmente será reeleita, mas dessa vez sem meu voto. Nas próximas eleições, não votarei em ninguém. Não pretendo negar as coisas boas que o PT fez, primeiro com Lula e agora com Dilma. Sim, houve acertos, não há dúvida. Estamos melhores agora do que jamais estivemos. Entretanto, muitos foram os erros e as alianças equivocadas, na minha opinião imperdoáveis, principalmente se levarmos em conta toda a expectativa que havia de mudanças sociais com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder. Doze anos e muita frustração depois, o grande partido de esquerda que tínhamos endireitou-se e anda de braços dados com os mesmos de sempre, aqueles mesmos combatidos outrora pelo PT. 
Os petistas, talvez ainda sem saber como defender seu partido, limitam-se a comparar os anos FHC com a era Lula. Ok, é uma comparação fácil demais de ser vencida. Seria muito difícil o PT conseguir ir aquém dos tucanos. Qualquer tentativa de se criticar a situação é rapidamente rebatida com gráficos ilustrativos que evidenciam como o país cresceu mais com o PT na presidência. A autocrítica fica onde? A meu ver, o grande mérito do PT, mediante a defesa comparativa, é extrínseco ao partido, isto é, aquilo de mais importante dos governos Lula e Dilma está neles não serem do PSDB. Muito pouco, em minha avaliação. Toda - ou quase toda - virtude petista reside na comparação com o principal partido de oposição, que, aliás, não apresenta nenhuma proposta séria e consistente para o país. Desse modo fica fácil a reeleição e torna-se mais rápida e certeira a defesa comparativa. Penso que os votos do PT deveriam ser consequência de sua política, não apenas o medo do retorno do PSDB ao governo. O lema parece ser: "Está ruim, mas pode ficar pior".
Na esteira das comparações, pululam nas redes sociais ilustrações e gráficos indicativos do avanço da economia brasileira, não apenas PT versus PSDB, mas mostrando, via gráficos e números, o inegável salto qualitativo do padrão de vida no Brasil. Não entendo nada de números, de economia, de cálculos, de percentuais. Mas dizem que a matemática não mente; eu diria que ela apenas ilude, afinal de contas, vivo no Brasil e vejo as condições em que um número expressivo de brasileiros sobrevive. Nossa economia cresceria mais do que a de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo. Como disse, não entendo de economia nem de números. Mas me parece que tem alguma coisa errada nessa avaliação. Nossos serviços básicos continuam caóticos. Quem necessita de educação, saúde, transporte, segurança públicos está entregue à própria sorte. Do que adianta aumento de poder de compra por parte da população se ela continua desprovida do essencial. Nossos hospitais públicos são vergonhosos: faltam profissionais, vagas, medicamentos, instrumentos, etc. Com a educação ocorre o mesmo. 
Há quem diga que o problema não é partidário, mas do sistema e, enquanto vivermos no capitalismo, governo após governo padecerá do mesmo mal, ou melhor, fará o mesmo mal à população. Assim, pouco importaria a autonomeação de partido de esquerda se, no final das contas, uma vez no poder, e para se manter no poder, faz-se necessário aliar-se à direita. Hoje não consigo entender o medo que a "esquerda" tem do retorno da direita se esta nunca deixou Brasília. A equivalência entre esquerda e direita é tão gritante que, se passarmos para os planos estaduais, não distinguiremos muita coisa de um governador da oposição e outro da situação. Para finalizar, meu medo não é o retorno indesejado do PSDB, mas que continuemos a viver da mesma forma, sem saúde, educação, transporte, segurança, moradia, alimentação, enfim, dignidade. 

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