sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Maconha na USP

Boa tarde, sejam bem-vindos!
Observando a vida e o que acontece ao meu redor, venho agora registrar minhas opiniões de uma maneira mais explícita. Devo dizer, antes que você decida prosseguir, que muitas vezes sou um cara bastante ranzinza, mal-humorado, crítico e nada orgulhoso de meu país. Também sou, por outro lado, alegre, jovial, justo e, principalmente, pai de duas princesinhas lindas. Mas aqui as princesinhas não terão muita vez não. Nem minhas considerações acerca da minha vida cultural. Aqui quero colocar a boca no trombone, reclamar, aliviar minha (futura) hipertensão. Aqui a primeira pessoa é outra.
E o tema que me motivou a abrir este novo blog foi noticiado pelo Jornal Hoje, agora à tarde. Fazendo a digestão de meu saboroso almoço, vi na tevê alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, simplesmente a maior universidade do Brasil, se revoltarem contra a polícia e ocuparem a reitoria porque três alunos teriam sido detidos por posse de maconha. Os demais alunos, indignados com a apreensão, entraram em confronto com a polícia e afirmaram só desocupar a reitoria depois que a PM abandonar a segurança que promove no campus. Como assim? Fiquei me perguntando por que diabos os alunos não querem a PM por perto. Seria para poder fumar maconha em paz? Eu não tenho nada contra quem fuma maconha nem contra a maconha, eu mesmo já fui graduando e já, como boa parte dos jovens fazem - e aparentemente todos os alunos da referida faculdade - enrolei meus cigarrinhos. Nada demais. Acontece que nem todo mundo pensa assim. E, falando em leis, a do nosso país considera a maconha uma erva ilegal. Ou seja, gostando ou não, concordando ou não, é ilegal fumar maconha. Podemos até questionar se os usuários devem ser apreendidos, se não seria mais racional a polícia se preocupar em prender os traficantes, deixando os pobres estudantes para lá, dando um dois sem muita importância. Que se faça, então, a passeata em favor da liberação da maconha, que se elejam representantes dispostos a debater o assunto, mas exigir que a polícia abandone o campus da universidade é demasiada estupidez. É certo, todos sabemos disso, que a polícia em nosso país não tem muito crédito, é corrupta e muitas vezes se confunde com os bandidos, mas ela ainda é a responsável por nossa segurança. Abrir mão da PM no campus não seria uma carta branca para que toda sorte de delitos sejam cometidos na USP? Não seria, em clara manifestação de apoio, concordar com assaltos, estupros, latrocínios? E isso para que os universitários possam fumar maconha sem serem infortunados?
Eu sei que essa discussão não é simples. A questão da droga esbarra em muita coisa, a da segurança também, mas quero crer que é preferível um campus bem policiado, para que o corpo discente se preocupe apenas com o que é relevante, a saber, a construção de conhecimento que deve ser oferecido por qualquer universidade, a deixar que a recreação emaconhada de uns poucos coloque em alerta toda a população do campus. Como diria um grande amigo meu: "Francamente!"

Um comentário:

  1. pois é, meu caro, para o bem e para o mal o campus universitário se vangloria de ser uma bolha onde, a princípio, a liberdade de expressão é permitida e elogiada. Mas, como toda bolha protetora, sofre com as várias "ameaças" de explosão.
    lembro de um fato: certa vez houve uma briga no campus onde eu estudava na PB. a polícia foi chamada para apartar os brigões, mas disse que não poderia interferir - "era contra o estatuto da universidade". lembro que à época todos os espectadores ficaram quedados. foi preciso a intervenção dos "civis" mesmo. depois foi preciso uma intervenção da polícia federal, já que tratava-se de uma universidade federal.
    no caso da usp, considero legítimo o levantamento do véu da hipocrisia. ou seja, a discussão sobre a liberação do uso da maconha dentro dos campi. ao mesmo tempo em que há a licença há a repressão? a quem esta repressão é direcionada? e por que?
    por outro lado, há esta questão da segurança nos campi. e eis o xis da questão: como assegurar a segurança nestes espaços onde a liberdade (utópica, plena, total) é permitida? com quais leis agir? as leis de fora servem ou não servem para dentro da bolha?
    enquanto isso, na mesma usp, alunos são mortos no estacionamento, estuprados nas vielas escuras, etc e etc.
    encontrar um ponto entre a legitimidade da liberdade e o controle da libertinagem (incluíndo a violência) é que são elas.

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