segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Tudo ao contrário

Após presidir a CPI das Milícias e, com isso, indiciar cerca de 220 pessoas, Marcelo Freixo, deputado estadual pelo PSOL, tem sofrido ameaças de morte. De acordo com notícia publicada hoje no JB, Freixo deve deixar o país ainda nesta terça-feira, com destino desconhecido para preservar a sua segurança. Li a matéria e fiquei me perguntando se não está tudo ao contrário. Quem deveria fugir, numa sociedade que funcionasse (muito diferente da nossa), seriam os milicianos, não o deputado. Os bandidos, com medo da prisão, deveriam se por em fuga, deixando para trás a possibilidade de verem a justiça ser feita, ou seja, de perderem sua liberdade e cumprirem penas duras. Mas, mesmo quando criminosos, no Brasil, são indiciados, julgados, condenados e presos, devido a privilégios como a visita periódica ao lar, a saída por bom comportamento, independente de sua periculosidade, e o regime semiaberto, os detentos encontram facilidades de fuga e regalias na cadeia, sem falar dos crimes que são orquestrados e cometidos de dentro do próprio presídio. Sei que nossas penitenciárias não fornecem condições mínimas para um homem que tenha errado e precise quitar seu débito com a sociedade se regenere, mas isso não deve ser justificativa para a bagunça que muitas vezes é noticiada pela imprensa - sem falar das que não o são.
Marcelo Freixo teve a coragem necessária para enfrentar o problema da milícia, mas parece que, por falta de segurança e inoperância do poder público, ele vai pagar caro por isso. Que, pelo menos, ele não tenha o mesmo fim que a juíza Patrícia Acioli, e que possa retornar ao país, com segurança garantida pelo Estado, para dar continuidade a sua atuação política. No Brasil, os mocinhos fogem - ou são mortos - e os bandidos permanecem perturbando a ordem.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Maconha na USP

Boa tarde, sejam bem-vindos!
Observando a vida e o que acontece ao meu redor, venho agora registrar minhas opiniões de uma maneira mais explícita. Devo dizer, antes que você decida prosseguir, que muitas vezes sou um cara bastante ranzinza, mal-humorado, crítico e nada orgulhoso de meu país. Também sou, por outro lado, alegre, jovial, justo e, principalmente, pai de duas princesinhas lindas. Mas aqui as princesinhas não terão muita vez não. Nem minhas considerações acerca da minha vida cultural. Aqui quero colocar a boca no trombone, reclamar, aliviar minha (futura) hipertensão. Aqui a primeira pessoa é outra.
E o tema que me motivou a abrir este novo blog foi noticiado pelo Jornal Hoje, agora à tarde. Fazendo a digestão de meu saboroso almoço, vi na tevê alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, simplesmente a maior universidade do Brasil, se revoltarem contra a polícia e ocuparem a reitoria porque três alunos teriam sido detidos por posse de maconha. Os demais alunos, indignados com a apreensão, entraram em confronto com a polícia e afirmaram só desocupar a reitoria depois que a PM abandonar a segurança que promove no campus. Como assim? Fiquei me perguntando por que diabos os alunos não querem a PM por perto. Seria para poder fumar maconha em paz? Eu não tenho nada contra quem fuma maconha nem contra a maconha, eu mesmo já fui graduando e já, como boa parte dos jovens fazem - e aparentemente todos os alunos da referida faculdade - enrolei meus cigarrinhos. Nada demais. Acontece que nem todo mundo pensa assim. E, falando em leis, a do nosso país considera a maconha uma erva ilegal. Ou seja, gostando ou não, concordando ou não, é ilegal fumar maconha. Podemos até questionar se os usuários devem ser apreendidos, se não seria mais racional a polícia se preocupar em prender os traficantes, deixando os pobres estudantes para lá, dando um dois sem muita importância. Que se faça, então, a passeata em favor da liberação da maconha, que se elejam representantes dispostos a debater o assunto, mas exigir que a polícia abandone o campus da universidade é demasiada estupidez. É certo, todos sabemos disso, que a polícia em nosso país não tem muito crédito, é corrupta e muitas vezes se confunde com os bandidos, mas ela ainda é a responsável por nossa segurança. Abrir mão da PM no campus não seria uma carta branca para que toda sorte de delitos sejam cometidos na USP? Não seria, em clara manifestação de apoio, concordar com assaltos, estupros, latrocínios? E isso para que os universitários possam fumar maconha sem serem infortunados?
Eu sei que essa discussão não é simples. A questão da droga esbarra em muita coisa, a da segurança também, mas quero crer que é preferível um campus bem policiado, para que o corpo discente se preocupe apenas com o que é relevante, a saber, a construção de conhecimento que deve ser oferecido por qualquer universidade, a deixar que a recreação emaconhada de uns poucos coloque em alerta toda a população do campus. Como diria um grande amigo meu: "Francamente!"