segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Aos bicicleteiros

Ok, o mundo não acabou, mas passa por dificuldades. Há desmatamentos, superaquecimento, espécies vegetais e animais em risco de extinção, catástrofes ocasionadas por ocupações irregulares e por descaso das autoridades etc. Além disso, o trânsito das grandes cidades está cada vez mais caótico e, dia a dia, um grupo mais consciente dos benefícios que as bicicletas proporcionariam à qualidade de vida vem reivindicando mais atenção, respeito e consciência dos veículos motorizados para com os ciclistas. Apoio a causa e, numa cidade como o Rio de Janeiro, por exemplo, o uso das bicicletas como meio de transporte tem tudo para dar certo. Possuímos quilômetros de ciclovias e algumas estações de metrô já têm bicicletários, facilitando assim a vida dos ciclistas e, por conseguinte, de toda a população. Seriam menos carros, menos buzinas, menos engarrafamentos, menos poluição e mais bem-estar para todos, ciclistas ou não.
Mas aqui, apesar de ser simpático à causa e gostar da ideia de se ter mais respeito pelas magrelas no trânsito, com uma legislação mais clara e uma política que eduque e puna os desrespeitosos, quero chamar atenção para o lado mais fraco e desde sempre menos favorecido das nossas ruas - o pedestre. Onde eu moro e nas adjacências (Flamengo, Largo do Machado, Laranjeiras, Catete, Glória e Botafogo), é raríssimo observar um ciclista cumprindo as leis de trânsito. O sinal vermelho, na cabeça de quase todos os ciclistas, deve ser respeitado apenas pelos veículos motorizados, assim como andar na contramão parece ser um direito das bicicletas, sem falar em andar pela calçada, uma extensão de liberdade e caminho para pedaladas.
Conheço alguns casos de amigos próximos que já sofreram com o egocentrismo dos ciclistas. Uma amiga, indo buscar a filha no colégio, ao atravessar a rua, foi atropelada por uma bicicleta que vinha na contramão e precisou ir ao hospital; um outro amigo, maratonista, já foi também atropelado por outro ciclista enquanto treinava para a maratona de Porto Alegre e teve seu braço quebrado, perdendo a prova; eu mesmo, que gosto de correr no aterro, já fui diversas vezes hostilizado por ciclistas que parecem ignorar que a preferência, mesmo nas ciclovias, é do pedestre. Já precisei, mais de uma vez, puxar minhas filhas para que as pequenas não se machucassem.
Não pretendo, em hipótese alguma, diminuir a importância das reivindicações dos ciclistas. Como já disse, apoio a causa. Também tenho consciência de que há muitos bicicleteiros que respeitam as leis de trânsito e pedalam respeitando para também serem respeitados. Como tenho amigos que já sofreram com as bicicletas, também tenho amigos que não só pedalam dentro do que esperamos de uma sociedade civilizada, mas que militam para uma boa educação no trânsito, independente do meio de transporte.
Que as autoridades pensem com mais carinho nas bicicletas como uma alternativa muito viável para o transporte urbano;que os motoristas respeitem os ciclistas e conscientizem-se de que há espaço para todos; que os próprios ciclistas passem a respeitar as leis de trânsito e se lembrem que assim como têm direitos, devem ter igualmente deveres; e que nós pedestres possamos transitar seguros.

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